terça-feira, 28 de novembro de 2006

A Sara

A Sara

Um blog é uma coisa boa.
Um blog pode muito bem ser uma forma de libertar alguns demónios. E todos temos demónios.
Não tenho vindo ao blog, mesmo estando a par da agitação reinante. Não, não foi para me proteger de escrever um qualquer disparate. Que bom seria se ontem eu tivesse escrito ... o que quer que fosse. Mas não!
Venho hoje ao blog, para explicar porque não vim ontem, mas também porque preciso de escrever o que vou escrever num sítio qualquer. E ainda porque a história que vou contar, mostra a falta de importância da maioria das coisas que nos irritam. E algumas coisas recentes deste blog irritaram-me a sério... coisas sem importância. Finalmente venho ao blog deixar uma mensagem de solidariedade a um Homem que connosco treinou durante todo o ano passado.
Venho ao blog contar-vos a história recente da Sara. Não, não é a sara do nosso blog. A Sara era uma menina que eu conheci há 5 anos. Quando regressei à Universidade Lusófona em 2002 foi-me apresentada uma aluna finalista que iria leccionar as aulas práticas duma cadeira que ainda hoje lecciono. Desde então a Sara tornou-se a coqueluche, a menina prodígio do Departamento, mas acima de tudo uma amiga. Uma daquelas pessoas raras, com quem apetece sempre beber um cafezinho. Todos no Departamento tínhamos um carinho especial pela Sara. A última vez que a vi, na 6ª feira passada, menos de 48 horas antes daquele maldito rail lhe tirar a vida, foi-se embora sem se despedir. Eu estava a tirar dúvidas a um aluno e ela não conseguia parar de rir. E a Sara ria muito e sorria ainda mais. E foi esta a última imagem da Sara. Tinha 29 anos acabados de fazer. Não é justo ...
Perante isto, que importância tem tudo o resto?
Um abraço muito grande para o Paulo. A tua estrela vai dar uma Supernova.

Henrique

5 comentários:

Anónimo disse...

Perante isto, que importância tem tudo o resto?

Anónimo disse...

Um abraço Henrique

manuelacc disse...

Palavras para que

Grande abraço

forever_acc disse...

Henrique,

Como eu digo à muito tempo tu és o nosso irmão mais velho, aquele que passa pelos acontecimentos da vida (os bons e os dificeis) em primeiro lugar.

Mais uma vez passas por algo na vida que aqui o teu irmão mais novo, com menos experiência, felizmente ainda não passou.

Por isso, e perante estas situações, fico sem saber o que dizer ou fazer para te ajudar.

Uma coisa tens e terás sempre da minha parte: a solidariedade e o apoio de um irmão.

Um Grande Abraço,
Bruno

Anónimo disse...

A nós

Acordamos todas as manhãs para um duche rápido, pequeno-almoço à pressa, trânsito e trabalho. Muito trabalho. Chega o fim do dia e fazemos um esforço para ter alguma actividade de lazer e que nos dê algum sentimento de diversão. Pouco depois é ir para casa, para junto da família nuclear, e esperar por nova manhã.

Vivemos pouco! Aproveitamos mal os (poucos) anos de uma vida. Raras vezes temos oportunidade para desfrutar de algo que realmente queiramos ou gostemos. Achamos sempre que "amanhã talvez o possa fazer. Hoje tenho este e aquele problema etc...". Nunca nos passa pela cabeça que uma oportunidade pode sempre ser a última! Seja para nos despedirmos, para apenas roubar um sorriso ou para nos permitirmos desfrutar de um momento bom.

Para a Sara a vida foi curta. Teria muitas coisas para saborear, muitas experiências para gozar mas seu fado assim não o permitiu. Só nestes momentos nos apercebemos que a nossa vida não é medida pelos empregos que conseguimos, pelos ordenados que ganhamos, pelo carro ou casa que pussuimos... por nada destas coisas insignificantes que estão presentes em tantas horas e preocupações dos nossos dias em vez de coisas bem mais relevantes.

São as nossas relações com o mundo, o impacto que causamos na vida dos outros, o sorriso que deixamos vincado sempre que de nós se lembram e um sentimento de amizade e carinho que alastramos por todos aqueles que conquistamos.

Hoje a Sara é recordada pelo nosso amigo Henrique com estas palavras. Não duvido que mais pessoas estejam a fazer ou a pensar exactamente da mesma forma. Nesta forma injusta e tardia de medir a vida das pessoas, pelo carinho com que a recordam certamente a Sara foi uma pessoa boa com uma vida curta mas recheada de coisas boas que para sempre ficarão gravadas no coração de quem a conheceu.

Um grande abraço para um amigo que cada vez mais me marca a mim como modelo de vida, pai dedicado, valores de honra, dedicação e um grande humanismo.